Meu nome é Aida Tupiniquim. Sou moradora de Salvador e lojista do Pelourinho. A partir deste breve relato, contarei como encontrei meus irmãos Tupiniquim aqui da Bahia. Fui casada com uma pessoa nascida e criada na cidade de Camamu, que, por motivos que desconhecia, sentia fortes enjoos e chorava muito todas as vezes que íamos até a praça da cidade de Camamu para tomar suco de cupuaçu. Uma destas idas à praça, observei que havia uma moça que me olhava muito intrigada, passou um tempo ela se aproximou e me disse: "Você é Tupiniquim? Tem olhos idênticos aos dos Índios daqui!". Quando mostrei minha CNH, ficou encantada com o sobrenome Tupiniquim. Voltando as sensações que sentia quando chegava na cidade, descobri através desta moça, que isso acontecia comigo por conta de alguma memória ancestral ligada ao fato de os moradores da cidade de Camamu sempre maltratarem meu povo com ameaças e xingamentos (isso é muito triste). Bom, a aldeia existe até os dias de hoje, fica em Barcelos, cidade vizinha de Camamu. Os Tupiniquim fizeram o radier no entorno da cidade que estão presente até os dias de hoje. Nossa aldeia é completa: temos o nosso Pagé, Cacique e os Curumins. Somos uma aldeia/comunidade de irmãos lindos de olhos verdes. Somos os Tupiniquim os primeiros do Brasil.
Texto cedido por Aida Tupiniquim