O que você faz com os limões que a vida te apresenta?
A década era 50, meus avós Timóteo e Terezinha tiveram uma filha, sua primeira filha, Maria Conceição, na cidade de Caruaru – Pernambuco.
Que após 16 anos, se tornaria mãe, da minha irmã mais velha e de mais 3 filhos, dentre eles, eu, na década de 70.
Cresceu em família humilde, tendo que abandonar os estudos, a fim de auxiliar seu pai, no trabalho do campo. Ainda criança, foi para São Paulo, pois seus pais, meus avós, buscavam uma vida melhor.
Por lá, da adolescência à idade adulta, trabalhou em fábricas de costura e em serviços domésticos. Foi nesse período, que conheceu meu pai, engravidando aos 16 anos. Sem maturidade, quer seja física ou emocional, se casaram.
Meu pai, passou a trabalhar em uma empresa, cujo a necessidade era que ele viajasse. Sendo assim, minha mãe com 3 filhos, tinha que cuidar da nossa educação, da casa e do trabalho fora, como doméstica.
Foram anos difíceis. E para aliviar as dores e angústias da alma que a consumiam, se refugiava no álcool. Em pouco tempo, se tornou alcóolica.
Nós, meus irmãos e eu, crescemos em um ambiente mesclado pela ludicidade das brincadeiras infantis e os sofrimentos e inseguranças resultantes do alcoolismo materno.
Esse, foi o primeiro limão que a vida me apresentou.
Aos 13 anos de idade, tive o meu primeiro namoradinho. Ainda estávamos no início do nosso relacionamento, quando em meio à uma sexta feira chuvosa, de janeiro, recebi, em minha casa, a triste notícia, de que ele havia batido o carro e falecido. E por razões das quais desconheço e tão pouco compreendo, foi enterrado, no dia em que completaria 18 anos.
Esse, foi o segundo limão que a vida me apresentou.
Foram dias difíceis, os que se seguiram. Passaram-se semanas, meses e anos. A tristeza amenizando e a saudade tomou o lugar, com os doces e efêmeros momentos que vivemos.
Passados 4 anos, conheci aquele, que se tornaria meu esposo, aos 17 anos. Namoramos por longos 5 anos, e nos casamos, na igreja, de véu e grinalda, como manda o figurino.
Os primeiros 3 anos de casados, foram muito especiais, mas no 3º ano de casados, comecei a sentir fortes dores no estômago. Procurei o médico, que solicitou exames e para a minha surpresa, o diagnóstico foi, adenocarcinoma gástrico, câncer de estômago.
Que me levaria a uma cirurgia para retirada total do estômago e parte do intestino e a sessões de quimioterapia e de radioterapia.
Nesse período, fui de 58 kg para 38 kg. Tive que lidar as cicatrizes abdominais, queda de cabelo, paralisias dos membros superiores e inferiores e facial, temporariamente.
E esse, foi o terceiro limão que a vida me apresentou.
Com o passar das semanas e meses, fui reaprendendo a comer, ganhando peso, a aparência voltando ao normal.
Ainda no período da remissão, que é o período de vigia, para ver se o câncer não voltará, engravidei. Que comecei a sonhar com essa nova vida que carregava em meu ventre. Mas, com 8 semanas, tive um aborto espontâneo.
Esse foi 4º limão, que a vida me apresentou.
No ano de 2006, em meados de agosto, quando eu cursava o 1º ano do curso de psicologia, e acalentava o sonho de me tornar professora universitéria, meu esposo me chamou para conversar, e me disse que havia me traído e que ela estava grávida. Mesmo ano, em que eu engravidei, mas perdi.
Depois de dias pensando, ainda que sem muitas condições de racionar perfeitamente, decidi sair de casa e me divorciar.
A partir dali, iniciei um caminho descendente, com abuso de substâncias tóxicas e sobretudo o álcool, tentando aliviar as minhas dores e anestesiá-las.
Foram 12 longos anos, de sofrimentos e angústias, me vi no fundo do poço.
E foi aí, que fui apresentada ao 5º limão que a vida me reservou.
Aliado ao alcoolismo vieram relacionamentos tóxicos e um ciclo vicioso de álcool, relacionamento, dor, rejeição e álcool.
Cansada de sofrer, de sentir aquela dor de alma, iniciei um processo de cura e transformação. Com inúmeros instrumentos e estratégias. Desde petterapia, a arteterapia, escrita, psicoterapia, as 8 leis naturais de saúde e a direção divina.
Foram longos e dolorosos 2 anos, até que eu me sentisse limpa e fortalecida. E foi a partir daí, que consegui concluir a minha graduação em nutrição, ingressar na pós-graduação de arteterapia, me mudei para uma chácara, no sul de Minas. Onde resido só, em meio ao Criador e à criação.
Hoje, olho para tudo o que vivi e faço uma reverência. Acredito que nada é em vão.
Sigo, descobrindo a arte de transformar dor em flor, através da escrita amorosa, do canto, da dança e das artes visuais.
E através das minhas palestras cênico-musical, busco adubar os solos do corpo e alma, de todos quanto entrar em contato, para que ressignifiquem suas histórias e também consigam transformar suas dores em flores.
Beatriz Nascimento
Há tempos, venho trilhando uma jornada de buscas e autoconhecimento.
Por entre tropeços e acertos, lido com meu interior, de forma nua e crua.
Ouço seus gritos desesperadores e incontroláveis, como uma criança carente, que pede colo.
Outras tantas, lido com sua fé e coragem destemidas, em busca do seu rumo e sua missão de vida.
No mix de fragilidade e força em que vou me descortinando, me permito, apenas SER.
Me despojo dos excessos,
Ouço, compreendo e acalmo os fantasmas, que insistem em me amendrontar.
Perco o rumo, o prumo, o andar da carruagem,
mas...
Respiro fundo, dou passos lentos, refletindo sobre a rota a seguir e a trilhar, a cada momento.
Acolhendo a minha totalidade, prisões, imperfeições e dualidades.
Que compõem o meu SER e me impulsionam a seguir viagem...
Beatriz Nascimento
Quem é você?
Quando se olha no espelho e se vê
Sabe quem é ela?
Sabe responder?
Quais são seus sonhos, seus objetivos?
Tem percebido que ela quer colo,
Abrigo, um ninho, um olhar acolhedor?
Um abraço apertado, seu carinho, seu amor?
Essa mulher-menina
Cujo reflexo, no espelho se fixa
É fruto dessa menina
Que mora em seu interior
Que guia seus passos, por onde for
Dialogue com ela
Faça dela sua companheira íntima
Caminhem juntas
Cantem, dancem, brinquem, pulem
Gastem energia
E de mãos dadas, firmes e fortes
Transformem a vida em uma doce e feliz valsa
De uma menina-mulher bailarina.
Gratidão à minha criança interior.
Beatriz Nascimento
Onde pude encontrá-lo?
No amor por mim mesma
No senso de valor próprio e autocuidado
No amor a mim concedido
No olhar acolhedor, na mão estendida, no abraço apertado
No silêncio interior, na plenitude, no vazio, no cheio
Na providência, na sincronicidade, no acaso
No sim, no não, na certeza, na dúvida
Na angustia interior
No tirar, no pôr
Nos compassos, nos descompassos
Na tristeza dolorida, na lágrima vertida
No sorriso comovente
Na fala contagiante
Na alegria envolvente
No canto melodioso
Na dança empolgante
Na interpretação eletrizante
Na pintura enigmática
Na fotografia retratada
Nas palavras escritas
No pôr do sol, na lua
Na tempestade, no trovão
Por entre caminhos e descaminhos
Fiz dEle a minha força,
Minha esperança, meu abrigo, meu refúgio
E desde então, não me sinto só
Sei que o Cosmos está dentro de mim e ao meu redor
Gratidão ao Meu Poder Superior
Beatriz Nascimento
Mãe Terra é conhecida
Esse ventre que nos pari e nos abriga
Terra fértil nos dá dia a dia
Para dela tirarmos o fruto que nos sacia
O sol para nos aquecer
Trazer energia, vigor e fortalecer
A lua e suas diferentes fases
Que influencia nossas emoções e transforma as paisagens
O ar puro que aumenta o fôlego
E levam vida para todo nosso corpo
A água que mata a sede
Hidrata e refrigera
Traz vida, frescor e regenera
O descanso na relva
Em meio ao canto dos pássaros
Nos refazem e nos tiram o cansaço
A caminhada entre sua vegetação
Traz saúde ao corpo e renova as células do coração
Essa reconexão nos traz equilíbrio e nova percepção
Vida em plena harmonia
Em sintonia com os ciclos naturais
Requer apenas escolhas
Silêncio e nada mais
Beatriz Nascimento
No outro, eu me enxergo, me transformo, cresço, me regenero
No outro, vejo o reflexo das minhas ações
E sou levada à inúmeras reflexões
Se me incomodo com o comportamento alheio, me pergunto:
- O que há em mim, parecido com esse sujeito?
Às vezes, o incômodo gerado é por refletido, no outro,
O meu comportamento inaceitável,
Quando compreendo as minhas questões interior,
Aumento a possibilidade de conexão com o meu igual, seja quem for
Despojo-me de críticas, condenações e constantes julgamentos,
O acolho como é, sem querer melhorar a sua vida, seu comportamento
Reconheço suas possibilidades, sem invejá-las.
Sabendo que cada um tem seu caminho, seus pensamentos, sua estrada.
O conforto em seu choro, seco suas lágrimas
Sorrio como seu riso, juntos damos gargalhadas
Ofereço-lhe os meus sentidos
A minha visão, meu olhar acolhedor, um abrigo
A minha audição, uma escuta silente, atenta e permanente
O meu paladar, para juntos saborearmos os melhores pratos, que há
A minha mão para tocar a sua pele e produzir sensações agradáveis que o elevem
O meu olfato para sentirmos a fragrância, da doçura que produzem os laços
E nesse misto de envolvimento, respeito, empatia, tolerância
A nos traz, como uma dança
Por entre nossas andanças
Harmonia, alegria, plenitude e paz
Para cada um de nós e para o planeta que anda em desalinho
Esse é o caminho
Se reconecte, se reconectem, reconectai-vos
Gratidão ao meu igual
Beatriz Nascimento
Aprendeu a ser seu próprio abrigo.
Sabendo que a vida é território desconhecido,
encontrou forças internas, reconectada ao divino.
E desde então, têm colhido flores,
onde antes, só via espinhos.
Beatriz Nascimento
Deus é tão maravilhoso né gente? As vezes cê tá lá com a cabeça cheia, com o coração angustiado, e aí para e começa a falar com ele e abrir o coração. Depois começa a chorar e sente um peso indo embora e uma paz tomando conta; e quando se levanta sente que os problemas já não são tão grandes porque você tem alguém num plano espiritual maior que tá ali pra te guiar. Não é sobre igreja, não é sobre religião, é sobre confiar e amar alguém que você nunca viu mas que sente que está ao seu lado sempre.
Autor Desconhecido