Reescrevi esse texto diversas vezes, pois me peguei pensando na forma que contaria como cheguei à adoção. Toda a questão biológica eu posso detalhar para quem tiver interesse, mas mais do que isso, essa escolha já existia em meu coração desde que tomei a consciência sobre maternidade. Deus, o universo, a vida, como quiserem chamar, colocou em meu caminho um homem com o mesmo dom.
E foi assim que, em 2018, chegamos para realizar o curso no fórum e iniciarmos o processo de habilitação para adoção. Janeiro de 2019 estávamos no cadastro nacional e aguardando a tão desejada ligação.
Dia 08 de fevereiro de 2021 estava numa rua movimentada em São Paulo acompanhada da minha mãe quando recebo a ligação do meu marido: “Débora, me ligaram do fórum! Tem uma criança que vai completar 8 anos essa semana e querem saber se temos interesse.”
Assim como lhes escrevo nesse momento, lágrimas corriam pelo meu rosto. Minha mãe não conseguia entender o que estava acontecendo... “Mãe, ligaram do fórum!” E aí estavam duas mulheres chorando dentro de uma loja, comprando azeitonas! Risos
Foram trinta dias de convivência e aproximação, ele conheceu a família, todos se emocionaram e dia 18 de março, após passarmos nossas duas horas diárias brincando na rua recebemos a melhor notícia: “a juíza autorizou a guarda. Podem levar o Rick!”
Como uma mãe que chega da maternidade e não compreendeu o que está acontecendo, lá estava eu que havia saído há pouco sem filhos e voltei mãe!
Bom, fui tia por uns dias ainda, até que a palavra mais doce começou a surgir com naturalidade, mãe...
Seguimos nos conhecendo, nos adaptando, evoluindo e acima de tudo nos amando! Eu tenho um filho com um estoque de energia inesgotável, uma inteligência admirável e um coração lindo. Um coração com buraquinhos, mas aos poucos vamos curando essas feridas, ressignificando sua vida e enchendo de amor.
A experiência de ser mãe é uma verdadeira loucura, não há manual ou qualquer receita a seguir, mas uma coisa eu afirmo, não precisamos de laço sanguíneo para a maternidade! Precisamos de amor!
Texto cedido por Débora Osti